ABNT NBR 9575 - Impermeabilização - Seleção e Projeto

Antonio Neves
Escrito por
Antonio Neves
Publicado em
21/10/2020
Atualizado em
18/1/2024
ABNT NBR 9575 - Impermeabilização - Seleção e Projeto

NBR 9575 - Impermeabilização - Seleção e Projeto


Hoje, estamos aqui, mais uma vez, para trazer outra norma técnica, bastante discutida sobre impermeabilização: a NBR 9575. Mas, afinal, do que se trata a NBR 9575? Bom, a NBR 9575 estabelece as exigências e recomendações relativas à seleção e projeto de impermeabilização, para que sejam atendidos os requisitos mínimos de proteção da construção contra a passagem de fluidos, bem como os requisitos de salubridade, segurança e conforto do usuário, de forma a ser garantida a estanqueidade dos elementos construtivos que a requeiram. É disso que vamos falar hoje! Por isso, leia com atenção para entender tudo sobre este tema tão importante abordado por este norma, certo?

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Em primeiro lugar, temos que esclarecer que esta norma se aplica às edificações e construções em geral, em execução ou sujeitas a acréscimo ou reconstrução, ou ainda àquelas submetidas a reformas. Além disso, à impermeabilização podem estar integrados, ou não, outros sistemas construtivos que garantam a estanqueidade dos elementos construtivos, devendo para tanto serem observadas normas específicas que atendam a esta finalidade. 

Referência Normativa


1. Termos e definições: 


Assim como toda norma, a NBR 9575 contém um tópico com todos os termos e definições que são citados por ela. Porém, não iremos relacionar todas elas uma vez que o nosso foco hoje é entender sobre a seleção e projeto de impermeabilização. Mas, com certeza, é de extrema importância conhecer os termos e definições para um melhor entendimento não só desta, como todas as normas que tratam sobre impermeabilização.

2. Classificação:

Neste tópico, temos algumas classificações em: tipos de impermeabilização, serviços auxiliares e serviços complementares.

Os tipos de impermeabilização são classificados segundo o material constituinte principal da camada impermeável, podendo ser: cimentícios, asfálticos e poliméricos. Falamos mais sobre isto no artigo que tratamos sobre a NBR 9574.

Os serviços auxiliares da impermeabilização são classificados segundo a sua função, como: preparo do substrato, preenchimento de juntas, tratamento estanque de juntas e tratamento por inserção.

Já os serviços complementares englobam a camada de imprimação, camada-berço, camada de amortecimento, camada drenante, camada separadora, camada de proteção mecânica e camada de proteção térmica.

3. Seleção:

Aqui, entramos no tema principal da NBR 9575, que é a seleção do tipo adequado de impermeabilização a ser escolhido para a obra.

O tipo adequado de impermeabilização a ser empregado na construção civil deve ser determinado segundo a solicitação imposta pelo fluido nas partes construtivas que requeiram estanqueidade. A solicitação pode ocorrer de quatro formas distintas, conforme a seguir:

  1. imposta pela água de percolação;
  2. imposta pela água de condensação;
  3. imposta pela umidade do solo;
  4. imposta pelo fluido sob pressão unilateral ou bilateral.

4. Projeto:

Este é o outro tópico central da norma que estamos analisando, que fala sobre o projeto de impermeabilização.

4.1) Elaboração e responsabilidade técnica:

O projeto básico de impermeabilização deve ser realizado para obras de construção civil de uso público, coletivo e privado, por profissional legalmente habilitado.

O projeto executivo de impermeabilização, bem como os serviços decorrentes, devem ser realizados por profissionais legalmente habilitados.

Assim, em todas as peças gráficas e descritivas (projeto básico, projeto executivo e projeto “como construído), devem constar os dados do profissional responsável habilitado.

4.2) Requisitos Gerais:

Os requisitos gerais para um projeto de impermeabilização bem feito envolvem vários aspectos, que vamos falar a seguir.

Basicamente, ao formular um projeto, a impermeabilização deve ser projetada de modo a:

  1. evitar a passagem de fluidos e vapores nas construções, pelas partes que requeiram estanqueidade, podendo ser integrados ou não outros sistemas construtivos, desde que observadas normas específicas de desempenho que proporcionem as mesmas condições de estanqueidade;
  2. proteger elementos e componentes construtivos que estejam expostos ao intemperismo, contra a ação de agentes agressivos presentes na atmosfera;
  3. proteger o meio ambiente de agentes contaminantes por meio da utilização de sistemas de impermeabilização;
  4. possibilitar sempre que possível acesso à impermeabilização, com o mínimo de intervenção nos revestimentos sobrepostos a ela, de modo a ser evitada, tão logo sejam percebidas falhas do sistema impermeável, a degradação das estruturas e componentes construtivos.

Além disso, o projeto deve ser desenvolvido em conjunto e compatibilizado com os demais projetos de construção, tais como arquitetura (projeto básico e executivo), estrutural, hidráulico-sanitário, águas pluviais, gás, elétrico, revestimento, paisagismo e outros, de modo a serem previstas as correspondentes especificações em termos de tipologia, dimensões, cargas, ensaios e detalhes construtivos.

As etapas de formulação de um projeto de impermeabilização pode ser dividido em estudo preliminar, projeto básico de impermeabilização, projeto executivo de impermeabilização e serviços complementares ao projeto executivo de impermeabilização.

Quanto ao estudo preliminar, deve ser realizado relatório contendo a qualificação das áreas e planilha contemplando os tipos de impermeabilização aplicáveis ao empreendimento, de acordo com os conceitos do projetista e incorporador contratante.

Já o projeto básico de impermeabilização envolve as seguintes etapas:

  1. definição das áreas a serem impermeabilizadas e equacionamento das interferências existentes entre todos os elementos e componentes construtivos;
  2. definição dos sistemas de impermeabilização;
  3. planilha de levantamento quantitativo;
  4. estudo de desempenho;
  5. estimativa de custos.

O projeto executivo de impermeabilização consiste no apontamento das seguintes características:

  1. plantas de localização e identificação das impermeabilizações, bem como dos locais de detalhamento construtivo;
  2. detalhes específicos e genéricos que descrevem graficamente todas as soluções de impermeabilização;
  3. detalhes construtivos que descrevem graficamente as soluções adotadas no projeto de arquitetura;
  4. memorial descritivo de materiais e camadas de impermeabilização;
  5. memorial descritivo de procedimentos de execução;
  6. planilha de quantitativos de materiais e serviços.

Além destes requisitos, há alguns serviços complementares ao projeto executivo de impermeabilização que devem ser adotados, são eles:

  1. metodologia para controle e inspeção dos serviços;
  2. metodologia para controle e inspeção dos serviços e metodologia para controle dos ensaios tecnológicos de produtos especificados;
  3. diretrizes para elaboração de manual de uso, operação e manutenção.

4.3) Características específicas:

Neste tópico, a norma diz que os sistemas de impermeabilização a serem adotados devem atender a uma ou mais das seguintes exigências:

  1. resistir às cargas estáticas e dinâmicas atuantes sob e sobre a impermeabilização, tais como: puncionamento, fendilhamento, ruptura por tração, desgaste, descolamento e esmagamento;
  2. resistir aos efeitos dos movimentos de dilatação e retração do substrato e revestimentos, ocasionados por variações térmicas, tais como: fendilhamento, ruptura por tração e descolamento;
  3. resistir à degradação ocasionada por influências climáticas, térmicas, químicas ou biológicas, tais como: desgaste e descolamento;
  4. resistir às pressões hidrostáticas, de percolação, coluna d’água e umidade de solo, bem como descolamento ocasionado por perda de aderência;
  5. apresentar aderência, flexibilidade, resistência e estabilidade físico-mecânica compatíveis com as solicitações previstas nos demais projetos;
  6. resistir ao ataque e agressão de raízes de plantas ornamentais.

4.4) Detalhes construtivos:

A NBR 9575 traz neste último tópico alguns detalhes importantes que devem ser atendidos pelos projetos executivos de impermeabilização, a saber:

  1. inclinação do substrato das áreas horizontais deve ser definida após estudos de escoamento, sendo no mínimo de 1% em direção aos coletores de água. Para calhas e áreas internas é permitido o mínimo de 0,5%;
  2. os coletores devem ter diâmetro que garanta a manutenção da seção nominal dos tubos prevista no projeto hidráulico após a execução da impermeabilização, sendo o diâmetro nominal mínimo 75 mm. Os coletores devem ser rigidamente fixados à estrutura. Este procedimento também deve ser aplicado aos coletores que atravessam vigas invertidas;
  3. deve ser previsto nos planos verticais encaixe para embutir a impermeabilização, para o sistema que assim o exigir, a uma altura mínima de 20 cm acima do nível do piso acabado ou 10 cm do nível máximo que a água pode atingir;
  4. nos locais limites entre áreas externas impermeabilizadas e áreas internas, deve haver diferença de cota de no mínimo 6 cm e ser prevista a execução de barreira física no limite da linha interna dos contramarcos, caixilhos e batentes, para perfeita ancoragem da impermeabilização, com declividade para a área externa. Deve-se observar a execução de arremates adequados ao tipo de impermeabilização adotada e selamentos adicionais nos caixilhos, contramarcos, batentes e outros elementos de interferência;
  5. toda instalação que necessite ser fixada na estrutura, no nível da impermeabilização, deve possuir detalhes específicos de arremate e reforços da impermeabilização;
  6. toda a tubulação que atravesse a impermeabilização deve ser fixada na estrutura e possuir detalhes específicos de arremate e reforços da impermeabilização;
  7. as tubulações hidráulica, elétrica, de gás e outras que passam paralelamente sobre a laje devem ser executadas sobre a impermeabilização e nunca sob ela. Estas tubulações, quando aparentes, devem ser executadas no mínimo 10 cm acima do nível do piso acabado, depois de terminada a impermeabilização e seus complementos;
  8. quando houver tubulações embutidas na alvenaria, deve ser prevista proteção adequada para a fixação da impermeabilização;
  9. as tubulações externas às paredes devem ser afastadas entre elas ou dos planos verticais no mínimo 10 cm;
  10. as tubulações que transpassam as lajes impermeabilizadas devem ser rigidamente fixadas à estrutura;
  11. quando houver tubulações de água quente embutidas ou sistema de aquecimento de pisos, deve ser prevista isolação térmica adequada destas para execução da impermeabilização;
  12. todo encontro entre planos verticais e horizontais deve possuir detalhes específicos da impermeabilização;
  13. os planos verticais a serem impermeabilizados devem ser executados com elementos rigidamente solidarizados às estruturas, até a cota final de arremate da impermeabilização, prevendo-se os reforços necessários;
  14. a impermeabilização deve ser executada em todas as áreas sob o enchimento. Recomenda-se também executá-la sobre o enchimento. Devem ser previstos, em ambos os níveis, pontos de escoamento de fluidos;
  15. as arestas e os cantos vivos das áreas a serem impermeabilizadas devem ser arredondados  sempre que a impermeabilização assim requerer;
  16. as proteções mecânicas, bem como os pisos posteriores, devem possuir juntas de retração e trabalho térmico preenchidos com materiais deformáveis, principalmente no encontro de diferentes planos;
  17. as juntas de dilatação devem ser divisoras de água, com cotas mais elevadas no nivelamento do caimento, bem como deve ser previsto detalhamento específico, principalmente quanto ao rebatimento de sua abertura na proteção mecânica e nos pisos posteriores;
  18. todas as áreas onde houver desvão devem receber impermeabilização na laje superior e recomenda-se também na laje inferior;
  19. nos locais onde a impermeabilização for executada sobre contrapiso, este deve estar perfeitamente aderido ao substrato.

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Hoje, falamos sobre a NBR 9575, que trata sobre seleção e projeto de impermeabilização, etapas muito importantes e que devem ser elaboradas seguindo todas as recomendações estabelecidas pela norma que explicamos aqui hoje. Por isso, leia com atenção e releia quantas vezes forem necessárias para que o projeto seja muito bem feito para que, assim, possa garantir o melhor resultado em sua obra! E, claro, conte com a Blok para qualquer desafio!

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