ABNT NBR 7200 - Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas - Procedimento

Antonio Neves
Escrito por
Antonio Neves
Publicado em
8/9/2020
Atualizado em
18/1/2024
ABNT NBR 7200 - Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas - Procedimento

NBR 7200 - Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas - Procedimento

Hoje, nós vamos trazer um artigo explicando tudo sobre a norma técnica NBR 7200, que trata sobre a execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas. Se você acompanha nossos artigos, deve saber que fazemos questão de sempre enfatizar a importância de consultar as NBR’s antes de realizar qualquer procedimento.

E sabe por quê? Porque elas servem para orientar os processos que devem ser realizados e como devem ser feitos para que sejam executados da melhor forma, minimizando riscos e objetivando melhores resultados!

Nós sabemos que a grande maioria dos profissionais ou até mesmo pessoas que se arriscam em colocar a mão na massa não consultam as NBR’s antes de realizar um planejamento ou de iniciar os trabalhos. E, sabendo disso, pensamos em trazer as NBR’s para conhecimento do público para que assim, as normas atinjam o maior número de pessoas e ajudem-nas durante o processo de execução das obras ou de quaisquer procedimentos da construção civil.

Torná-las acessíveis é nosso principal objetivo ao fazer este artigo e outros tantos que vamos lançar! Assim, ao mesmo tempo que podemos ajudar quem quer aprimorar seus trabalhos, contribuímos para o mercado da construção civil! Acompanhe nosso blog para aprender sobre as outras NBR’s, porque hoje nosso foco é a NBR 7200.

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Mas, afinal, o que fala a NBR 7200?

Como o próprio título já nos diz, a NBR 7200 trata da execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas. Segundo a própria norma, a execução do revestimento é a principal responsável por manifestações patológicas observadas posteriormente. O que isto quer dizer? Esta norma surgiu com objetivo guiar o processo executivo para garantir qualidade da obra e evitar problemas que possam vir a surgir, fixando o procedimento de execução nas seguintes etapas: preparo da base de revestimento, preparo das argamassas inorgânicas e aplicação das argamassas. Vamos estudá-las daqui a pouco.

Mas, antes, vamos entender alguns outros tópicos que a NBR 7200 trata como essencial antes de ir para a execução do procedimento, de fato.  

Em primeiro lugar, a NBR traz especificações de projeto e programa de execução, com as seguintes informações que devem constar nos projetos para execução do sistema de revestimento de argamassa, como: tipos de argamassa e respectivos parâmetros para definição dos traços; número de camadas; espessura de cada camada; acabamento superficial e tipo de revestimento decorativos. Portanto, antes de iniciar os trabalhos, é importante fazer um projeto contendo todas essas informações, certo?

Depois de feito o projeto, a NBR elenca outras etapas que são essenciais para um trabalho eficiente, que são: verificações de preliminares, cronograma de execução, acompanhamento dos serviços de revestimento e limpeza e proteção de outros serviços. Vamos entender um pouco mais sobre elas.

Referências Normativas:

  • NBR 5732 - Cimento Portland Comum - Especificação
  • NBR 5735 - CImento Portland de Alto-Forno - Especificação
  • NBR 5736 - CImento Portland Pozolânico - Especificação
  • NBR 6118 - Projeto e Execução de Obras de Concreto Armado - Procedimento
  • NBR 6453 - Cal Virgem para Construção - Especificação
  • NBR 7175 - Cal Hidratada para Argamassas - Especificação
  • NBR 10907 - Cimento de Alvenaria - Especificação
  • NBR 11578 - Cimento Portland Composto - Especificação
  • NBR 12989 - Cimento Portland Branco - Especificação
  • NBR 13529 - Revestimento de Paredes e Tetos de Argamassas Inorgânicas - Terminologia
  • NBR 13749 - Revestimento de Paredes e Tetos de Argamassas Inorgânicas - Especificação

Primeiras Etapas:

Aqui, vamos falar das etapas determinadas pela NBR 7200, que tratam sobre algumas ações que devem ser adotadas e condições que devem ser consideradas para realizar um processo de execução do revestimento eficiente, as quais veremos a seguir.

  1. Verificações de preliminares: consiste em vistoriar as condições da base a fim de determinar as correções necessárias à execução do revestimento. Assim, deve-se observar o emprego de ferramentas especiais; período em que ocorrerá o serviço; avaliação das condições ergonômicas dos locais de trabalho, verificando-se a necessidade de andaimes ou outros equipamentos; adequação do canteiro de obra à instalação dos equipamentos e execução dos serviços. Além disso, o local deve possuir estrutura para o preparo das argamassas, contendo misturador mecânico; compartimentos separados e identificados para estoque dos diferentes materiais; ponto de água canalizado; peneiras e dispositivos para medição de agregados, adições e água.
  2. Cronograma de execução: aqui são determinadas as idades mínimas (tempos de cura) das argamassas preparadas em obras. São elas: 28 dias de idade para as estruturas de concreto e alvenarias armadas estruturais; 14 dias de idade para alvenarias não armadas estruturais e alvenarias sem função estrutural de tijolos, blocos cerâmicos, blocos de concreto e concreto celular, admitindo-se que os blocos de concreto tenham sido curados durante pelo menos 28 dias antes de sua utilização; três dias de idade do chapisco para aplicação do emboço ou camada única; para climas quentes e secos, com temperatura acima de 30˚C, este prazo pode ser reduzido para dois dias; 21 dias de idade para o emboço de argamassa de cal, para início dos serviços de reboco; sete dias de idade do emboço de argamassas mistas ou hidráulicas, para início dos serviços de reboco; 21 dias de idade do revestimento de reboco ou camada única, para execução de acabamento decorativo. Para argamassas industrializadas, estes prazos podem ser alterados se houver instrução específica do fornecedor.
  3. Acompanhamento dos serviços de revestimento: consiste no registro em planilhas de acompanhamento dos serviços das condições de aplicação do revestimentos para a elaboração do relatório quanto a: condições de nível, prumo e planeza da base; tratamento da base para correção de nível, prumo e planeza; limpeza da base; traço e preparo das argamassas; espessura do revestimento ou de camadas do revestimento e correções ou reparos eventualmente realizados ao longo do serviço.
  4. Limpeza e proteção de outros serviços: ao realizar o serviço de revestimento, é importante tomar os cuidados para que ele não danifique outros serviços executados, como os demais componentes da edificação.  

Agora, vamos entender as etapas de execução das argamassas nas superfícies?

Etapas de Execução:

Preparo da base de revestimento

A NBR 7200 contempla as bases de revestimento de concreto, tijolo e bloco cerâmico, bloco de concreto, bloco de concreto celular e bloco-sílico-calcário. As bases devem atender às exigências de planeza, prumo e nivelamento fixadas nas respectivas normas de alvenaria e de estruturas de concreto. Também devem ser observadas a presença de infiltrações de umidade, as quais devem ser eliminadas antes de seguir com os demais procedimentos de preparação da base.

O preparo da base de revestimento pode ser dividido em correção de irregularidades, bases contíguas diferentes e limpeza da base. A correção de irregularidades consiste em deixar a superfície uniforme para receber a argamassa. Assim, é necessário retirar pontas de ferro das peças, rebarbas entre juntas da alvenaria além de corrigir depressões, furos e rasgos. Se a base for composta por diferentes materiais e for submetida a esforços que gerem deformações diferenciais consideráveis, deve-se utilizar tela metálica, plástica ou de outro material semelhante na junção destes materiais, criando uma zona capaz de suportar as movimentações diferenciais a que estará sujeita.

E, por fim, a limpeza da superfície da base deve ser realizada, pois precisa estar limpa, livre de pó, graxa, óleo, eflorescência, materiais soltos ou quaisquer produtos ou incrustações que venham a prejudicar a aderência do revestimento. A norma descreve como devem ser realizados os procedimentos de limpeza de acordo com cada tipo de material a ser removido. Neste artigo, relacionamos todos eles, dê uma olhada!

Preparo das argamassas inorgânicas

O preparo das argamassas pode ser dividido em: composição das argamassas, medição dos materiais e preparo da mistura.  

Em primeiro lugar, deve-se estabelecer o traço da argamassa pelo projetista ou construtor, obedecendo às especificações de projeto e às condições para execução dos serviços de revestimento. O traço deve ser expresso em massa e o consumo dos materiais deve ser registrado na planilha de acompanhamento. Assim, com o traço da argamassa estabelecido, é possível elencar a quantidade e quais materiais serão necessários para a execução do serviço.

Após essa etapa, é realizada a medição dos materiais, podendo ser feita em volume, cabendo ao construtor a responsabilidade da conversão do traço especificado em massa. A medição dos materiais em volume deve ser feita utilizando-se recipientes de volume conhecido e identificados através da utilização de cores diferenciadas ou símbolos, claramente distintos. Além disso, não se deve admitir a medição dos materiais com instrumentos ou recipientes que não assegurem um volume constante, tais como, por exemplo, dosar com pá ou em latas. Assim, para uma medição exata, deve-se fazer a correção da quantidade de agregado e adições em função da variação da umidade, visando obter argamassas de mesma trabalhabilidade e proporcionalidade.

Depois da medição dos materiais, se dá  o preparo da mistura, em que as argamassas devem ser misturadas por processo mecanizado ou, em casos excepcionais, por processo manual, até obtenção de massa perfeitamente homogênea. No processo mecanizado, o tempo de mistura não deve ser inferior a 3 minutos e nem superior a 5 minutos enquanto que no processo de mistura manual, devem ser preparados volumes de argamassa inferiores a 0,05 metros cúbicos de cada vez. A NBR determina como se dá o preparo de argamassas de cal ou mistas, as quais exigem outro tipo de mistura.

No preparo de argamassas mistas, o cimento deve ser adicionado no momento de sua aplicação, atendido o prazo de maturação da pasta ou da mistura cal e areia. No preparo das argamassas industrializadas, é necessário seguir as instruções do fabricante. Além disso, o canteiro de produção deve possuir silos ou recipientes de armazenamento estanques, protegidos de chuva e de insolação.

Por fim, o volume de produção de argamassa de cimento ou mista deve ser controlado de modo que seja utilizado em prazo máximo de 2 horas e 30 minutos. Para temperaturas acima de 30˚C, forte insolação direta sobre o estoque de argamassa, ou umidade relativa do ar inferior a 50%, o prazo deve ser reduzido para 1 hora e 30 minutos. Estes prazos estabelecidos podem ser alterados pelo emprego de aditivos retardadores, seguindo-se as recomendações de uso previamente estudadas.

Aplicação das argamassas

Segundo a NBR 7200, os serviços de revestimento com argamassa devem ser iniciados com a conclusão do projeto do sistema de revestimento e depois de realizadas as etapas anteriores que já citamos.

Cada aplicação de nova camada de argamassa exige, de acordo com a finalidade e com as condições do clima, a umidificação da camada anterior. Além disso, a argamassa de revestimento não deve ser aplicada em ambientes com temperatura inferior a 5˚C e em temperatura superior a 30˚C, devem ser tomados cuidados especiais para a cura do revestimento, mantendo-o úmido pelo menos nas 24 horas iniciais através da aspersão constante de água. Este mesmo procedimento deve ser adotado em situações de baixa umidade relativa do ar, ventos fortes ou insolação forte e direta sobre os planos revestidos.

A execução de emboço ou revestimento de camada única deve atender às espessuras constantes no projeto do revestimento e estar de acordo com as exigências estabelecidas na NBR 13749.

O plano de revestimento será determinado através de pontos de referência dispostos de forma tal que a distância entre eles seja compatível com o tamanho da régua a ser utilizada no sarrafeamento. Nestes pontos, devem ser fixadas taliscas de peças planas de material cerâmico, com argamassa idêntica à que será empregada no revestimento.

Uma vez definido o plano de revestimento, faz-se o preenchimento de faixas, entre as taliscas, empregando-se argamassa, que será regularizada pela passagem da régua, constituindo as guias ou mestras.

Após o endurecimento das guias ou mestras que permita o apoio da régua para a operação do sarrafeamento, aplica-se a argamassa, lançando-a sobre a superfície a ser revestida, com auxílio da colher de pedreiro ou através de processo mecânico, até preencher a área desejada. Nesta mesma operação devem ser retiradas as taliscas e preenchidos os vazios.

Estando a área totalmente preenchida e tendo a argamassa adquirido consistência adequada, faz-se a retirada do excesso de argamassa e a regularização da superfície pela passagem da régua. Em seguida, preenchem-se as depressões mediante novos lançamentos de argamassa nos pontos necessários, repetindo-se a operação de sarrafeamento até conseguir uma superfície plana e homogênea. Depois de todo este processo, se dá o acabamento, que veremos no tópico a seguir.

Acabamento da superfície

O acabamento da superfície pode ser dado de diversos modos, podendo ser obtidos realizando os seguintes procedimentos:

  • Sarrafeado: basta seguir os passos descritos acima no tópico anterior.
  • Desempenado: executar o alisamento da superfície sarrafeada através da passagem da desempenadeira.
  • Camurçado: executar o alisamento da superfície desempenada com a passagem de esponja ou desempenadeira apropriada.
  • Raspado: executar o acabamento da superfície sarrafeada por meio de passagem de ferramenta dentada.
  • Lavado: executar o acabamento da superfície sarrafeada em argamassa preparada com agregado apropriado, através da lavagem com jato de água.
  • Chapiscado: executar o acabamento sobre a base de revestimento ou sobre o emboço por meio do lançamento de uma argamassa fluida, através de peneira de malha quadrada com abertura aproximada de 4,8 mm ou equipamento apropriado.
  • Imitação travertino: executar o acabamento da superfície recém-desempenada lançando com broxa a mesma argamassa de acabamento com consistência mais fluida. Aguardar o momento ideal para alisar a superfície com colher de pedreiro ou desempenadeira de aço, conservando parte dos sulcos ou cavidades provenientes do lançamento da argamassa fluida, a fim de conferir o aspecto do mármore travertino.

Conclusão

Agora que você já sabe sobre o que fala a NBR 7200, não há mais desculpas para não seguir as orientações estabelecidas por ela, para assim, garantir uma obra com qualidade! Assim como a NBR 7200, consultar as outras normas técnicas é essencial para realizar os procedimentos da melhor forma. Por isso, fique sempre atento às recomendações determinadas pelas normas técnicas para obter excelentes resultados! Continue acessando nosso blog para acompanhar os novos artigos que publicaremos sobre as NBR’s! E não se esqueça: conte com a Blok para qualquer desafio!

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